terça-feira, 10 de fevereiro de 2009



Marktplatz, Tübingen

Já chegando o final do inverno durante a Idade Média, as pessoas costumavam estar aborrecidas, cansadas e muitas vezes delirantes de tanto frio. Haviam aqueles que enxergavam bruxas e demônios. Principalmente uma mulher de aparência nefasta, cujo rosto era bicolor e cuja tarefa metafísica nada mais era que espalhar o inverno sobre toda a superfície da terra.
A resposta humana aos demônios, como de praxe, era vestir a carapuca deles e rir de sua triste condicao de criaturas infernais. Assumir o papel do inimigo sempre foi uma boa forma de vencê-lo, exorcizá-lo. Daí nasceu, pelo menos entre as tribos do que hoje é o sul da Alemanha, o carnaval.
Com a anuência do cristianismo (de outro modo, perderiam fiéis cordeiros), a festa perdurou durante séculos, e até hoje os suábios vestem-se com a roupa das suas bruxas e demônios para mandar o inverno embora; se nao conscientemente, pelo menos replicando quase uma eternidade depois aquilo que seus antepassados uma vez fizeram.

A diferenca é que hoje, creio eu, ninguém esteja delirando de frio, e a funcao expiatória da festa, outrora imediata, necessária e eficaz, transformou-se em mais um folguedo popular a figurar em catálogos etnográficos.

Nenhum comentário: