Underground, Londres
À fim de que ninguém perca seu pé no vao existente entre a plataforma e o trem, uma voz no Metrô de Londres fica constantemente repetindo o aviso "Mind the Gap". Esta frase já está tao incorporada à vida do londrino que passou a sinonimizar o próprio Underground da capital britânica. É um aviso curto e suscinto - quase uma questao de estímulo-resposta.
Do outro lado do Canal da Mancha, a mesma advertência poderia figurar num poema: "Attencion a la marche en descendant du train". A pessoa já poderia ter perdido o pé antes de escutar tudo até o final.
Cruzando o Reno, lê-se na Alemanha "Ausstiegvorsicht": informacao sintética e condensada, mas agressiva para os olhos que a lêem e aos ouvidos que a escutam. Além de totalmente incompreensível para quem nao sabe nada (ou muito pouco) de alemao.
Em Madri, uma voz feminina furiosa incita os passageiros a terem "cuidado para no meteren el pié entre coche y andén" nas "estaciones en curva". Aqui se obedece mais pelo tom enérgico do aviso do que pelo medo da amputacao.
É por estes e outros motivos que, de todas as línguas indo-européias, o inglês seja aquela mais próxima de um código do que de um idioma. Se um robô tivesse língua, essa língua seria o inglês. O mesmo vale pra um computador que falasse ou escrevesse sozinho.
Nao é a toa que uma filosofia tao lógica quanto a analítica tenha surgido e vigore por lá. Pena que ler Russell nao seja tao legal quanto passear em Londres.
2 comentários:
Eu ria muito dos adesivos no metrô de Paris. Primeiro por causa do desenho, que poderia ser interpretado como "se você for um coelho rosa não coloque a mão na porta aberta".
E o mais interessante era ler as frases em várias línguas e as claras diferenças nas traduções, com um aviso muito simples em inglês e em alemão e uma enoooorme ameaça em italiano...
"É por estes e outros motivos que, de todas as línguas indo-européias, o inglês seja aquela mais próxima de um código do que de um idioma."
cof, cof ; )
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