domingo, 1 de fevereiro de 2009

Crise


Outubro, Madri


Uma cadeia de causalidades levada às suas últimas conseqüências conduz, como é bem sabido, à origem de todas as coisas: o que acaba nao explicando nada e nao responsabilizando ninguém.
Outra boa forma de desresponsabilizacao é conferir às "conjunturas" a culpa de tudo. Em termos macrosociológicos e macroeconômicos isso volta e meia acontece, até porque, inegavelmente, grandes estruturas possuem um relativo grau de autonomia perante os atores que a compoem. Todavia, sempre há espaco para aquilo que se chama princípio da alternatividade nas acoes humanas; é dizer, frente a uma decisao importante, poder ter escolhido fazer outra coisa. As estruturas funcionam autonomamente e muitas vezes alienadas das vontades individuais, mas a arquitetura delas - e principalmente a da estrutura econômica - está baseada em alguns pontos nodais que dependem da escolha humana. Pesem todas as pressoes conjunturais, fazer trade off ainda é uma faculdade do ser humano. E é nisso, conseqüentemente, que reside a responsabilidade.
Foi pensando desta forma que o Guardian da Inglaterra sugeriu a seguinte lista de "culpados" pela crise atual:

A quem culpar (segundo o The Guardian)







1) Alan Greenspan, chairman do Fed, banco central dos EUA, entre 1987 e 2006

2) Mervyn King, presidente do Bank of England (banco central da Inglaterra)

3) Bill Clinton, ex-presidente dos EUA

4) Gordon Brown, primeiro-ministro da Grã-Bretanha

5) George W Bush, ex-presidente dos EUA

6) Phil Gramm, ex-senador do Texas

7) Abby Cohen, chefe estrategista do banco Goldman Sachs

8) Kathleen Corbet, ex-presidente do Standard & Poor’s

9) "Hank" Greenberg, chefão do grupo de seguros AIG

10) Andy Hornby, ex-chefe do HBOS

11) Sir Fred Goodwin, ex-chefe do banco britânico RBS

12) Steve Crawshaw, ex-chefe do B&B

13) Adam Applegarth, ex-chefe da Northern Rock

14) Dick Fuld, chefe executivo do banco Lehman Brothers

15) Ralph Cioffi e Matthew Tannin

16) Lewis Ranieri, financista

17) Joseph Cassasno, da AIG Financial Products

18) Chuck Prince, ex-chefe do grupo bancário Citi

19) Angelo Mozilo, chefe da Countrywide Financial

20) Stan O’Neal, ex-chefe do Merrill Lynch

21) Jimmy Cayne, ex-chefe da Bear Stearns

22) Christopher Dodd, chefe do comitê de bancos do Senado dos EUA

23) Geir Haarde, primeiro-ministro da Islândia

24) John Tiner, ex-executivo da FSA (autoridade de serviços financeiros dos EUA)

25) O consumidor americano

Na minha singela opiniao, este último - que também é o mais genérico de todos - deveria ser o primeiro.

Um comentário:

Prof_Pedro disse...

Uma das colunas da Zero Hora de hoje (ou de ontem, enfim) comparava a atual crise com o Banco Imobiliário. No começo de cada rodada o Banco dá dinheiro aos jogadores sem ninguém saber por quê. Hipotecas podem ser feitas a qualquer momento e são sempre aceitas pelo Banco. O objetivo é quebrar a maioria dos jogadores e monopolizar o dinheiro na mão de um apenas...