Outubro, Madri
Uma cadeia de causalidades levada às suas últimas conseqüências conduz, como é bem sabido, à origem de todas as coisas: o que acaba nao explicando nada e nao responsabilizando ninguém.
Outra boa forma de desresponsabilizacao é conferir às "conjunturas" a culpa de tudo. Em termos macrosociológicos e macroeconômicos isso volta e meia acontece, até porque, inegavelmente, grandes estruturas possuem um relativo grau de autonomia perante os atores que a compoem. Todavia, sempre há espaco para aquilo que se chama princípio da alternatividade nas acoes humanas; é dizer, frente a uma decisao importante, poder ter escolhido fazer outra coisa. As estruturas funcionam autonomamente e muitas vezes alienadas das vontades individuais, mas a arquitetura delas - e principalmente a da estrutura econômica - está baseada em alguns pontos nodais que dependem da escolha humana. Pesem todas as pressoes conjunturais, fazer trade off ainda é uma faculdade do ser humano. E é nisso, conseqüentemente, que reside a responsabilidade.
Foi pensando desta forma que o Guardian da Inglaterra sugeriu a seguinte lista de "culpados" pela crise atual:
A quem culpar (segundo o The Guardian)
1) Alan Greenspan, chairman do Fed, banco central dos EUA, entre 1987 e 2006
2) Mervyn King, presidente do Bank of England (banco central da Inglaterra)
3) Bill Clinton, ex-presidente dos EUA
4) Gordon Brown, primeiro-ministro da Grã-Bretanha
5) George W Bush, ex-presidente dos EUA
6) Phil Gramm, ex-senador do Texas
7) Abby Cohen, chefe estrategista do banco Goldman Sachs
8) Kathleen Corbet, ex-presidente do Standard & Poor’s
9) "Hank" Greenberg, chefão do grupo de seguros AIG
10) Andy Hornby, ex-chefe do HBOS
11) Sir Fred Goodwin, ex-chefe do banco britânico RBS
12) Steve Crawshaw, ex-chefe do B&B
13) Adam Applegarth, ex-chefe da Northern Rock
14) Dick Fuld, chefe executivo do banco Lehman Brothers
15) Ralph Cioffi e Matthew Tannin
16) Lewis Ranieri, financista
17) Joseph Cassasno, da AIG Financial Products
18) Chuck Prince, ex-chefe do grupo bancário Citi
19) Angelo Mozilo, chefe da Countrywide Financial
20) Stan O’Neal, ex-chefe do Merrill Lynch
21) Jimmy Cayne, ex-chefe da Bear Stearns
22) Christopher Dodd, chefe do comitê de bancos do Senado dos EUA
23) Geir Haarde, primeiro-ministro da Islândia
24) John Tiner, ex-executivo da FSA (autoridade de serviços financeiros dos EUA)
25) O consumidor americano
Na minha singela opiniao, este último - que também é o mais genérico de todos - deveria ser o primeiro.
Um comentário:
Uma das colunas da Zero Hora de hoje (ou de ontem, enfim) comparava a atual crise com o Banco Imobiliário. No começo de cada rodada o Banco dá dinheiro aos jogadores sem ninguém saber por quê. Hipotecas podem ser feitas a qualquer momento e são sempre aceitas pelo Banco. O objetivo é quebrar a maioria dos jogadores e monopolizar o dinheiro na mão de um apenas...
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